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Criança não namora.


 

Esse texto da Rita Lisauskas, publicado na Folha de São Paulo, traz à reflexão alguns pontos que muitas vezes, na correria do dia a dia, não percebemos que fazemos. Vamos analisar?


"CRIANÇA NÃO NAMORA!


Não, não. Criança não namora. E essa é uma das máximas mais difíceis de entrar na cabeça dos adultos. Não precisa ser dia dos namorados para seu filho, ainda preso a um Gugu Dadá bem básico, ouvir a tal pergunta fatídica de algum tio do pavê, principalmente se já estiver frequentando o jardim de infância.


– E aí? Como estão as namoradinhas?
– Aposto que as menininhas estão apaixonadas por você!


Mães e pais de meninas não ouvem essa pergunta porque as meninas são vistas desde bebê como aquelas que “têm que ser dar ao respeito”, enquanto os meninos, esses sim, são estimulados a serem “pegadores” desde as fraldas, que tristeza.


A relação entre meninos e meninas, na infância, não é amorosa, ninguém está “de olho” em ninguém. Eles desenham juntos, jogam bola juntos, brincam de casinha, de médico, de pega-pega, de queimada, no escorregador, no gira-gira e no balanço porque é legal brincar em turma. Porque criança adora criança. Apenas isso, olha só que coisa boa. A vida dos pequenos é tão simples, não há razão para problematizar, constranger, estimular, cobrar.


Mas os adultos não aguentam. Ai, esses adultos. São eles que precisam ser convencidos que a relação natural entre meninos e meninas que ainda estão longe da adolescência é de amizade.


“Mas meu filho acha a Sofia linda!” Sim, todos achamos. Ela é fofa, meiga, articulada, empresta os brinquedos para todos os colegas de classe e fica triste junto quando algum deles se machuca. A Sofia é uma linda e o que amigos sentem por ela é amizade, gratidão. Não é paixão! Portanto, quando seu filhote te contar o quanto a Sofia é legal, responda que também acha, todos achamos. Simpatia, na infância, não é amor. Não aquele amor que conhecemos nos filmes, nas novelas e na vida real. Não confunda tudo, você tem discernimento. O adulto, olha só, é você.


E quando a Sofia contar a você que o Mateus é ótimo, esperto, rápido no pega-pega e bom amigo, ouça sua filha com
um sorriso e jamais, em tempo algum, diga um “ah, sei”. Não. Não faça isso. Não seja essa pessoa. Não queremos que nossa pequena, ainda tão pequena, acredite que não existe amizade entre meninos e meninas. Muito menos diga para que ela se arrume mais, “agora que o Mateus está de olho em você”. Ou que penteie o cabelo, coloque uma tiara, não use saia, ou use saia, para parecer mais bonita. Porque daí ela vai começar a acreditar, já que a mamãe e papai estão dizendo, que as pessoas gostam da gente pelo que a gente aparenta ser e não pelo que a gente é. E pior, muito pior: que as mulheres precisam estar sempre lindas e impecáveis para serem queridas. Que tragédia. Quantos problemas adultos simplesmente não existiriam se a gente tivesse aprendido, lá na infância, que não precisamos ser assim ou assado para sermos amadas.(...)"


Como é na sua família? Compartilhe aqui com a gente, vamos pensar sobre isso!
 

Postado em : 04/01/2019 16:44